Ao longo da história, a civilização mostrou a importância de se projetar equipamentos de instalação urbana que integrem funcionalidade e beleza, tais como postes, bancos de rua e entradas de metrô. Além das edificações, esses elementos também refletem os valores culturais de uma sociedade e, quando são concebidos considerando-se a sua utilidade sem negligenciar a qualidade estética, podem promover uma experiência urbana mais rica, atribuindo identidade e harmonia aos espaços públicos.
Exemplos como as entradas de metrô de Paris e os bancos de rua em Barcelona ilustram essa abordagem histórica, em que estética e função se entrelaçavam. O contraste com as estruturas contemporâneas, frequentemente simplificadas e desprovidas de detalhes, é visível, destacando a necessidade de se resgatar a valorização do belo nos projetos urbanos para fortalecer a conexão entre os cidadãos e o espaço que habitam.
Resende Costa possui uma rica variedade arquitetônica que remonta ao período colonial. Entretanto, vemos que sua arquitetura tradicional, desde a introdução do modernismo, tem sido renegada. Nesse sentido, vimos o surgimento de edificações que não se relacionam de forma alguma com as características locais, como é o caso do polêmico Reservatório de água do Mirante das Lajes, uma construção utilitária que muito destoa dos arredores.
É com grande alegria que anunciamos o “1° CONCURSO IBAT DE INCENTIVO À ARQUITETURA TRADICIONAL - 2024”, direcionado para estudantes, arquitetos, designers, engenheiros e a todos os demais interessados em arquitetura e construções tradicionais.O IBAT | INTBAU Brazil, em parceria com o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Resende Costa de Resende Costa (MG), organizou o concurso visando conceber ideias para a renovação da caixa d’água do mirante das Lajes, localizado no centro histórico da cidade.
Para introduzi-los no mundo das teorias do Restauro, escolhemos dois nomes bem conhecidos na História da Arquitetura e da Conservação e Restauro. Dois personagens que representavam ideias completamente opostas, mas que tinham algo em comum: a admiração pelo estilo Gótico. Eles influenciaram de forma considerável os revivalistas góticos de seu tempo, mas… o que de fato pensavam eles a respeito da restauração?
Ao redor do mundo, ainda podemos notar que a arquitetura, ao se impor pela própria condição do espaço que ocupa, nos revela um significado político que nada tem a ver com o fracassado projeto modernista. Nesse contexto, observamos que os objetivos coletivos subjugam os caprichos do arquiteto a ponto de dissuadi-lo de assumir sua identidade tribal, abrindo caminho para que o espaço construído nos inspire e revele, por meio das suas formas e detalhes, o seu caráter de conciliação, o qual, por sua vez, sugere que a beleza na arquitetura depende de um modo particular de comunicação. O arquiteto então deveria ocupar-se da responsabilidade com o passado, afastando-se da imposição de um legado a possuir por ato de autoconsciência da vontade de uma época em especial e, ao invés disso, se apropriar imaginativamente do que poderíamos chamar de senso estético comum.
Esta entrevista, realizada em 2023, faz parte de uma série de conversas com arquitetos e profissionais brasileiros que passaram pelas principais instituções e escritórios voltados à arquitetura tradicional. Aqui, conversamos com Raquel Britto, arquiteta pela University of Texas at San Antonio, especialista pelo ICAA/NYC e integrante do renomado ateliê Michael G. Imber Architects.
Nos dias 27 e 28 de abril, aconteceu em São Paulo, com transmissão ao vivo, o III Congresso Nacional de Arquitetura Perene, organizado pelas arquitetas Verí Lourencetti e Rafaella Brasileiro.
Idealizado inicialmente pela arquiteta Verí Lourencetti, o evento promove palestras que visam ao resgate da beleza na arquitetura, segundo um conceito aristotélico-tomista e sob a ótica da arquitetura clássica e tradicional.
As pessoas compram a narrativa arquitetônica dominante porque as conexões do cérebro humano favorecem a coesão instintiva de grupo (uma vantagem evolutiva há um milhão de anos) que permite a doutrinação na sociedade moderna. Esse mecanismo de aceitação vindo da pressão dos colegas também impulsiona a publicidade e cultos pseudo-religiosos perigosos.
O artigo abaixo, originalmente publicado em francês no site Le Soir, é de autoria de Nadia Everard, presidente da La Table Ronde de l'Architecture, uma associação sem fins lucrativos sediada em Bruges, na Bélgica, dedicada à defesa e ao ensino da arquitetura tradicional. O artigo discorre sobre os desafios atuais enfrentados no campo da arquitetura, tanto no âmbito profissional, quanto acadêmico.
O Instituto Brasileiro de Arquitetura Tradicional (IBAT) agora tem a honra de ser o representante oficial no Brasil do International Network for Traditional Building, Architecture & Urbanism (INTBAU), reconhecido como a maior organização de arquitetura tradicional do mundo.
Ao estudarmos a antiguidade com mais profundidade, somos tomados por um sentimento descrito por diversos filósofos e poetas como algo perto do espanto, do sublime, da consciência de nossa mortalidade, de nossa impotência diante das forças naturais, do tempo e das forças devastadoras das guerras. Ao mesmo tempo, sentimo-nos admirados com toda a potência humana de criar, insistir na civilização, produzir e transmitir conhecimento.
Apresentada pela historiografia modernista como um simples estilo historicista, a arquitetura acadêmica que predominava no início do século XX era na verdade um sistema complexo e estruturado. As técnicas de composição da monumentalidade no início do século XX podem ser agrupadas em três categorias principais: o decoro, relativo à ornamentação do edifício, a implantação, determinando uma localização peculiar ao edifício monumental, e a criação de um objeto de natureza tipologicamente diferente do seu entorno.
Muitas pessoas pensam que para alcançar uma cidade compacta, sustentável e próspera, é necessário "crescer para cima" — ou seja, adotar uma morfologia urbana repleta de altos prédios. No entanto, as evidências mostram que essa visão está equivocada, pois ignora estudos que mostram os vários impactos negativos de longo prazo da verticalização.
Apresentada pela historiografia modernista como um simples estilo historicista, a arquitetura acadêmica que predominava no início do século XX era na verdade um sistema complexo e estruturado. O academismo capacitava o arquiteto a projetar edifícios monumentais levando em consideração sua posição relativa na hierarquia de construções públicas, bem como o seu entorno.
Neste brevíssimo ensaio, em grande parte inspirado no brilhante livro de ensaios do filósofo inglês Roger Scruton, The Classical Vernacular. Architectural Principles in an Age of Nihilism [1], vou tentar esclarecer o que eu entendo por vernáculo clássico. Ao final, espero deixar evidente o que de valioso acabamos deixando para trás quando toda a sabedoria embutida nos desenhos de antigos mestres foi substituída por uma espécie de apologia das empenas cegas.
É com um misto de admiração e pesar que nos despedimos de Rob Krier, um dos nomes mais proeminentes no universo da arquitetura e do urbanismo tradicional, cuja influência ecoará por gerações. Falecido no dia 20 de novembro, de 2023, Krier foi escultor, arquiteto, designer urbano e teórico luxemburguês. As suas jornadas pessoal e profissional se entrelaçaram de maneira notável.
No dia 26 de setembro de 2023, o Instituto Brasileiro de Arquitetura Tradicional (IBAT) teve a honra de participar da 9ª edição do Festival Mais Cultura, realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). A programação ofereceu uma variedade de eventos incluindo apresentações de música clássica, espetáculos de música regional, peças de teatro, palestras e workshops.
Desde o início do século XX, arquitetos, artistas e intelectuais brasileiros se debatem sobre o tema da identidade nacional. Dentro dessa discussão encontra-se a busca por estabelecer o que seria a “verdadeira arquitetura brasileira”, uma produção que refletiria nossa cultura, nossa identidade. Este pequeno texto, tem como objetivo apontar alguns dos principais pontos relacionados a essa busca e propor uma reflexão sobre o processo de construção do que seria a imagem da arquitetura nacional.
Imaginem o seguinte cenário: o ano é 1902 e, para o espanto e a angústia dos cidadãos de Veneza, o belíssimo campanário em plena Piazza San Marco acaba de entrar em colapso. Na noite da mesma data, o conselho municipal da cidade vota pela aprovação de quinhentas mil liras destinadas à sua reconstrução imediata "com'era, dov'era" – "como era, onde estava".
Quando falamos em arquitetura tradicional, estamos nos referindo ao conjunto de técnicas e conhecimentos construtivos que evoluíram por meio de um processo lento, gradual e sucessivo. Assim como qualquer outra ciência, a arquitetura tradicional se baseia em um acúmulo de experiências moldado a partir de tentativa e erro. Um bom exemplo disso são os telhados do Brasil colonial, construídos com grandes beirais que tinham a função de proteger as paredes de taipa das constantes chuvas tropicais.
Escrevo com o objetivo de despertar nos mais jovens estudantes das artes e no público geral uma melhor noção dos valores artísticos tradicionais e de algumas possibilidades profissionais, agregando conhecimentos diversos que convirjam para uma integração harmônica do homem com a arte, arquitetura e design e seu meio. (...) O desenvolvimento das expressões artísticas e projetuais tradicionais é fruto de séculos de prática, por meio de um processo lento, gradual e sucessivo.
Após sete anos ensinando teoria e história da arquitetura, posso concluir enfaticamente que o estudante da disciplina no Brasil – assim como os arquitetos formados – ainda não conhecem verdadeiramente a arquitetura brasileira. O que não é surpreendente, afinal, nos últimos 100 anos, a ideologia tomou conta das universidades espalhadas pelo país, limitando as disciplinas de teoria e história às vanguardas modernas do começo do século XX.
Arquitetura Tradicional
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